A dor é classificada com relação ao tempo como aguda e crônica. A dor aguda, geralmente, é ocasionada por uma lesão. Ela é de curta duração e desaparece quando a lesão cicatriza. São exemplos de dor aguda os traumas e pós-operatórios. O tratamento mais frequente é o uso de medicamentos, o repouso e a aplicação de compressas de gelo, dentre outras terapias para o controle de dor e a inflamação.
Se a dor persiste por um período maior do que o estabelecido para a cicatrização da lesão ou por mais de três meses, ela é chamada de dor crônica. Essa tem característica recidivante ou constante. Normalmente, não está associada à lesão e não possui causa concreta, pois vários mecanismos podem provocar sua cronificação.
No contexto da dor crônica, o tratamento é mais complexo. A terapia medicamentosa isolada não alcança os efeitos desejados. Além disso, esses pacientes apresentam frequentemente depressão, ansiedade, angústia e incapacidade.
O grande problema é que os indivíduos portadores de dor crônica desenvolvem o medo de se movimentar e até param de realizar suas atividades diárias por conta do problema. Isso é prejudicial e desnecessário, pois sabemos que o movimento é uma ferramenta útil no tratamento desses casos. Estudos demonstram que os exercícios físicos são benéficos em pacientes com dor crônica devido à liberação de substâncias analgésicas produzidas pelo próprio organismo. E ainda provocam bem-estar físico e mental e ajudam na inclusão social.
O movimento em geral é de fundamental importância no alívio da dor crônica. Isso acontece porque o movimento possui alguns mecanismos que promovem o alívio da dor e auxiliam na regeneração dos tecidos. Dentre os principais mecanismos, está a liberação de hormônios e neurotransmissores. Ocorre ainda uma reorganização a nível cerebral na interpretação e na resposta ao estímulo doloroso.
Quando a dor é somente de origem mecânica, ou seja, dos componentes que participam do movimento, usa-se o próprio movimento para promover mudanças nas articulações, restabelecer a mobilidade e recuperar a função.
Na presença de uma lesão ocorre de imediato à inflamação no local, e a dor aguda aparece como forma de sinalizar que algo está errado. Este processo inflamatório possui três fases. A primeira fase pode durar até o quarto dia e é caracterizada pelo surgimento do edema e da vermelhidão, que são sinais clássicos da inflamação. É nesse período que o repouso deve ser usado, pois é o tempo necessário para os tecidos e as células começarem a regeneração.
A segunda fase começa logo em seguida e pode se estender por seis semanas, é o momento ideal para inserir os movimentos ativos. É importantíssimo que seja feito de forma gradual e no limite do paciente, para que não ocorra outra lesão. Na última fase, devem ser incluídos os exercícios mais intensos de fortalecimento muscular e de amplitude de movimento total.
Quando a dor se torna crônica os exercícios devem ser usados respeitando o limite do paciente, ou seja, na amplitude de movimento tolerável e observando como a dor se comporta.
É importante esclarecer essas informações para que as pessoas saibam como agir diante das crises de dor. E que o tratamento da dor crônica deve envolver uma equipe multiprofissional e interdisciplinar para melhor identificar e resolver o problema do paciente.
Gabriela Menezes Lopes