Dor crônica e depressão

A dor na doença falciforme: classificação de intensidade e tratamento
13 de abril de 2016
Dor crônica: Repouso ou movimento?
27 de abril de 2016

Dor crônica e depressão

Conviver com a dor crônica já é difícil por si só e, atrelado a ela, dificuldades psicológicas podem surgir pelos mais diversos motivos, aos quais podemos citar alguns: abuso de medicação, distanciamento e até o desligamento total de atividades pessoais e sociais, falta de habilidade social, dentre outras que podem acarretar em um processo depressivo.

Se a dor crônica estiver associada à depressão - segundo uma ampla variedade de pesquisas, em pacientes com dor crônica, há alta prevalência de transtornos depressivos e estes são dos fatores psicológicos mais pesquisados nos pacientes com dor crônica - esse processo pode se tornar ainda mais desgastante.

Segundo alguns pesquisadores, o processo de dor crônica altera de forma até permanente a rotina de um indivíduo levando a modificações de seus próprios comportamentos, o que o leva a sujeitar-se à disposições sociais estabelecidas a esta condição.

O processo de dor quando persiste por meses ou anos, faz com que o indivíduo tenda a pensar de forma tal que o leva a apresentar crenças negativas e depressivas a respeito do mundo ao seu redor e de si próprio. Sendo assim, o impacto que a dor crônica provoca na vida de uma pessoa acaba por contribuir para a depressão que, por sua vez a amplia, faz com que se perceba ainda mais a dor que já existe.

A dor crônica e a depressão acabam por apresentar então um ciclo vicioso. A dor crônica deprime, e do mesmo jeito a depressão em seu estado maior, faz com que a pessoa sinta-se fisicamente dolorida.

Estudos e pesquisas mostram que em média 65% das pessoas deprimidas, em processo depressivo maior, queixam-se de dor.

Pessoas deprimidas sentem a dor mais intensa e percebem as dores maiores do que realmente são. Não conseguem perceber que tem controle sobre sua vida e seu corpo. Suas estratégias para superar problemas não são eficazes, pois, como já descrito anteriormente, tem a visão negativa sobre sua vida.

Em muitos os casos o processo depressivo em pacientes acometidos de dor crônica não é diagnosticada e consequentemente não tratada corretamente.

Distúrbios do sono, perda de apetite, falta de energia, diminuição de atividade física estão associados tanto a fator depressivo como também ao processo de dor crônica, a tornando ainda mais perceptível e complicada.

Sendo assim, é de suma importância a interdisciplinaridade no tratamento da dor crônica onde os vários especialistas devem agir de forma integrada e complementar.

Pacientes com dor crônica associados à depressão, além do tratamento farmacológico aliado a outros tratamentos com outros profissionais, necessitam também do tratamento psicoterápico. O trabalho desenvolvido vai ajudar na adesão a todo o tratamento em sua interdisciplinaridade e resolver impasses psicológicos que possam estar de certa forma contribuindo para a percepção de sua dor.

Tatianna Rangel Coutinho
Psicóloga Cognitivo-comporamental e pós-graduada em Psicologia Hospitalar.

 

Referencias de leitura:

  1. FIGUEIRÓ, J A B; ANGELOTTI, G; PIMENTA, C A de M. Dor e Saúde Mental. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.
  2. ANGELOTTI, G. Terapia Cognitivo-comportamental no tratamento da dor. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
  3. RANGÉ, B. (org) Psicoterapias cognitivo-comportamentais. Um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed editora. 2001.
  4. ANGERAMI, Valdemar A. Psicossomática e a psicologia da dor. 2° ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2012.

1 Comentário

  1. Gostei do informativo , muito bom eu estou ligada Boa Noite

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe com um amigo(a)








Enviar