Conviver com a dor crônica já é difícil por si só e, atrelado a ela, dificuldades psicológicas podem surgir pelos mais diversos motivos, aos quais podemos citar alguns: abuso de medicação, distanciamento e até o desligamento total de atividades pessoais e sociais, falta de habilidade social, dentre outras que podem acarretar em um processo depressivo.
Se a dor crônica estiver associada à depressão - segundo uma ampla variedade de pesquisas, em pacientes com dor crônica, há alta prevalência de transtornos depressivos e estes são dos fatores psicológicos mais pesquisados nos pacientes com dor crônica - esse processo pode se tornar ainda mais desgastante.
Segundo alguns pesquisadores, o processo de dor crônica altera de forma até permanente a rotina de um indivíduo levando a modificações de seus próprios comportamentos, o que o leva a sujeitar-se à disposições sociais estabelecidas a esta condição.
O processo de dor quando persiste por meses ou anos, faz com que o indivíduo tenda a pensar de forma tal que o leva a apresentar crenças negativas e depressivas a respeito do mundo ao seu redor e de si próprio. Sendo assim, o impacto que a dor crônica provoca na vida de uma pessoa acaba por contribuir para a depressão que, por sua vez a amplia, faz com que se perceba ainda mais a dor que já existe.
A dor crônica e a depressão acabam por apresentar então um ciclo vicioso. A dor crônica deprime, e do mesmo jeito a depressão em seu estado maior, faz com que a pessoa sinta-se fisicamente dolorida.
Estudos e pesquisas mostram que em média 65% das pessoas deprimidas, em processo depressivo maior, queixam-se de dor.
Pessoas deprimidas sentem a dor mais intensa e percebem as dores maiores do que realmente são. Não conseguem perceber que tem controle sobre sua vida e seu corpo. Suas estratégias para superar problemas não são eficazes, pois, como já descrito anteriormente, tem a visão negativa sobre sua vida.
Em muitos os casos o processo depressivo em pacientes acometidos de dor crônica não é diagnosticada e consequentemente não tratada corretamente.
Distúrbios do sono, perda de apetite, falta de energia, diminuição de atividade física estão associados tanto a fator depressivo como também ao processo de dor crônica, a tornando ainda mais perceptível e complicada.
Sendo assim, é de suma importância a interdisciplinaridade no tratamento da dor crônica onde os vários especialistas devem agir de forma integrada e complementar.
Pacientes com dor crônica associados à depressão, além do tratamento farmacológico aliado a outros tratamentos com outros profissionais, necessitam também do tratamento psicoterápico. O trabalho desenvolvido vai ajudar na adesão a todo o tratamento em sua interdisciplinaridade e resolver impasses psicológicos que possam estar de certa forma contribuindo para a percepção de sua dor.
Tatianna Rangel Coutinho
Psicóloga Cognitivo-comporamental e pós-graduada em Psicologia Hospitalar.
1 Comentário
Gostei do informativo , muito bom eu estou ligada Boa Noite