É muito comum ouvirmos essa dúvida no consultório de dor.
Dra., a minha dor é da minha cabeça?
Sim! Toda dor é da nossa cabeça!
A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, ou seja, ela não é única e exclusivamente um fenômeno físico. É muito mais do que isso, é uma experiência interpretada pela nossa mente!
Dor envolve sensações como queimação, formigamento, pontada, facada, distensão e possui duração e localização identificáveis. Entretanto, o que faz dor ser dor é o componente afetivo da experiência, ou seja, o quão desagradável ela é. É essa sensação ruim, esse sentimento de “desagradabilidade” que nos motiva a um comportamento, quer seja ele de lutar, fugir ou congelar. Em alguns casos, uma sensação dolorosa pode até mesmo ser entendida como uma experiência prazerosa, como uma massagem profunda, em que associamos à experiência uma motivação positiva.
As emoções funcionam ainda como um fator modulador da dor. Assim, emoções negativas estão associadas a maior sensação de dor e emoções positivas a menor sensação de dor.
As emoções tem um papel tão importante no processamento da dor que não é nem mesmo necessário que exista um estimulo doloroso para que exista a sensação de dor. Somente observar outra pessoa sentindo dor é capaz de ativar varias regiões cerebrais evocadas na dor.
A dor como experiência que é, é ainda aprendida e afetada pelo nosso social.
Ou seja, aprendemos o que é a dor pelas nossas experiências anteriores e com as experiências daqueles com quem convivemos, com a nossa tribo, e assim adjetivamos aquela experiência como tolerável ou excruciante.
Gosto muito de dar o exemplo da dor do parto, que em algumas culturas é vista como uma dor tolerável, desejada, esperada e em outras é entendida como intolerável e desnecessária.
Ou seja, a dor é de quem sente! Dor é incomparável. Dor é experiência individual e intransferível.
CRM ES 10269