Psicologia e enxaqueca

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Psicologia e enxaqueca

Como é caracterizada a enxaqueca?

Tem um alto impacto social e econômico, pois, como é relatada em várias pesquisas e artigos, é a 19° doença que mais incapacita para atividades habituais. Ela se caracteriza por uma dor de cabeça aguda, recorrente, pulsante, com intensidade de moderada a severa podendo durar de 4 até 72 horas. Na grande maioria das vezes vem acompanhada de náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e som podendo ou não ser agravada com atividades físicas. Pode ainda apresentar outras formas e outros sintomas. Existem casos graves que podem levar a procura de ajuda médica de emergência. Para denominação crônica é preciso que ocorra em pelo menos 15 dias por mês. Acomete mais mulheres do que homens. Tem componente genético e também apresenta uma resposta individual a fatores tanto internos como externos.

 

Quais são estes outros fatores?

Como podemos observar ela é multifatorial como a maioria das dores crônicas, senso assim, a enxaqueca pode estar associada, a quadros de estresse, cansaço, alterações nos padrões de sono, qualidade de vida e o próprio estado emocional alterado devido aos mais diversos fatores e particularidades. Pode estar associado também a quadros depressivos.

É importante ressaltar que a relação entre estes fatores e a enxaqueca podem não ser de ordem causal, ou seja, não necessariamente estes fatores podem ocasionar o quadro álgico. Os fatores psicológicos descritos podem aparecer consequentemente à dor e a tudo o que ela proporciona como o desamparo, incompreensão provocando alterações no quadro de humor,como a irritabilidade fazendo com que o pacientepotencialize e perceba ainda maior o seu quadro de dor.

Outros fatores também devem ser levados em consideração além dos emocionais como a alimentação, hormonais, sensoriais, ambientais e comportamentais.

 

Como a psicologia pode ajudar a manejar as crises de enxaqueca?

Antes de qualquer estratégia é necessário, como relata Pereira (2014, p. 50), “levar em conta as cognições do indivíduo, uma vez que estas contribuem para a aderência e a eficácia do tratamento”. É importante avaliar a visão que o paciente tem de seu quadro, o que ele sabe e como reagem ao sintoma da dor.

É importante auxiliar o paciente na identificação desses desencadeadores, ou gatilhos, pois podem estar diretamente ligados na qualidade destas crises como frequência e intensidade das mesmas.Como isso é feito? O paciente, junto ao terapeuta (psicólogo) aprende a identificar pensamentos (que consideramos distorções cognitivas, ou ainda pensamentos disfuncionais) que levam o mesmo a ter emoções negativas e consequentemente emitir comportamentos negativos (ou desadaptativos) que acabam por potencializar a dor. Tendo este processo identificado é possível auxiliar ao paciente a manejar esse processo de dor através de novos métodos enfrentamento, desenvolvimento de habilidades sociais, com o objetivo de mudança cognitiva (aprendendo pensamentos funcionais) para toda uma mudança de comportamento frente à dor. É possível ainda o treino de relaxamento muscular e mental e treino de resolução de problemas.

O objetivo é auxiliar o paciente a identificar o que desencadeia sua crise para que medidas preventivas possam ser tomadas levando a redução das mesmas tanto quanto sua intensidade como sua duração.

Sendo assim, a psicoterapia auxilia no autoconhecimento para a tomada de consciência de seus diferentes estados emocionais e comportamentais.

É de extrema importância ressaltar que, atrelado a todo este acompanhamento psicológico para o manejo da dor, o tratamento junto a uma equipe multidisciplinar é primordial, pois, como mencionado, a dor é multifatorial. Sendo assim é importante o acompanhamento com outros profissionais da saúde como o médico, o fisioterapeuta, o nutricionista dentre outros cuja necessidade se apresente de forma particular a cada caso.

ANGELOTTI, G. Tratamento da Dor Crônica. In B. Range(org.). Psicoterapias Cognitivo-comportamentais. Porto Alegre: Artmed, 2001, pp. 535-545.

DONNER, I.O. Biofeedback. In B. Range (org.). Psicoterapias Cognitivo-comportamentais . Porto Alegre: Artmed, 2001, pp.131-142.

ANGELOTTI, G. Terapia Cognitivo-comportamental no tratamento da dor. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.

RANGÉ, B. (org) Psicoterapias cognitivo-comportamentais. Um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed editora. 2001.

ANGERAMI, Valdemar A. Psicossomática e a psicologia da dor. 2° ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2012.

 

Tatianna Rangel Coutinho
Terapia Cognitivo – comportamental e especialista em Psicologia Hospitalar.
Tratamento de dor crônica.

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