(Por Dra. Kênnia Kellen do Carmo OLiveira)
Quem precisou fazer fisioterapia alguma vez sabe o que é e quem não fez já ouviu falar. Mas afinal o que é esse “choquinho”? Toda vez que se faz Fisioterapia será necessário usá-lo? Qual a sua funcionalidade? Ele realmente trata o problema?
A eletroterapia é um dos recursos utilizados pelos fisioterapeutas nos tratamentos mais diversos como dor, disfunções músculo esqueléticas e alterações nervosas. Dentro da eletroterapia existem várias correntes elétricas sendo uma delas o TENS (Eletroestimulação Nervosa Transcutânea, do inglês Trasncutaneo Electrical Nerve Stimulation) ou comumente conhecido como “choquinho”. Essa denominação veio pelo fato do paciente, quando em contato com a corrente emitida pelo aparelho, relatar a sensação de formigamento no local em que os eletrodos estão dispostos.
A sua ação é promover uma analgesia por ativação do sistema supressor da dor. O TENS “engana” o sistema nervoso central e o centro da dor no cérebro, promovendo a liberação de opióides endógenos (como a cefalina e endorfina), que são analgésicos fabricados pelo próprio corpo. Esses analgésicos são produzidos pelo organismo sempre que há presença de dor e a estimulação elétrica promove um aumento dessa produção.
Imaginemos uma lesão e essa causa dor, isso acontece pois todo o estímulo gerado por essa lesão é transportado por uma fibra nervosa até o cérebro e esse, ao analisar a informação que chega pela fibra, determina uma resposta de volta: DOR. A ação do TENS acontece na fibra que envia o estímulo promovido pela lesão impedindo que essa informação chegue ao cérebro. O resultado é uma analgesia momentânea, que varia de pessoa para pessoa.
Costuma-se indicar o TENS na primeira fase da reabilitação, como em casos de dor aguda e dor localizada (entorses, espasmos musculares, lombalgias, fraturas, artralgias, síndrome dolorosa, dor no paciente oncológico, dor pós operatória entre outras). No entanto, os dados da literatura científica indicam menor eficiência na dor crônica e generalizada.
Esse recurso terapêutico é utilizado pelos Fisioterapeutas para que se permita realizar outras condutas que serão necessárias para evolução do tratamento e retorno da funcionalidade do paciente, como é o caso de terapias manuais e exercícios. O TENS é uma corrente exclusivamente analgésica, portanto se você não está sentindo dor não se faz necessário utilizar-se desse recurso.
O verdadeiro tratamento Fisioterapêutico consiste em identificar a causa do problema e avaliar os recursos terapêuticos disponíveis que serão viáveis para um tratamento eficaz, sempre visando a individualidade do paciente. Tratar somente os sintomas farão com que o ciclo lesão e dor se perpetue tendo como consequências possíveis compensações corporais e futuros problemas.
FUIRINI JUNIOR, N.: T.E.N.S. In: Moises Cohen, Rene Abdalla. (Org.). Lesão no Esporte. 1ed.Rio de Janeiro: Revinter, 2002, v. 1, p. -.
KITCHEN, Sheila. Eletroterapia: Prática baseada em evidências. 11ª ed. São Paulo: Manole, 2003.
AGNES ,JONES. Eletrotermoterapia Teoria e Pratica. Rio Grande do Sul: Orium, 2007
2 Comentários
Bom artigo.
Gostei.