O médico especialista em Tratamento da Dor, André Félix, comenta sobre os fatores que compõe a dor oncológica
Quando se fala na dor do paciente com câncer é necessário considerar que a doença não é a única fonte de dor. A dor oncológica diz respeito tanto a dor causada pelo tumor quanto ao seu tratamento. De acordo com dados da IASP, cerca de 50% dos pacientes apontam ter dor na época do diagnóstico do câncer, se a doença estiver com fase inicial. Caso ela esteja em estágio avançado, aumenta para 75% dos pacientes.
André Félix, médico especialista em Tratamento da Dor, afirma que o sofrimento de um corpo com limitações exerce grande influência no plano geral da luta contra o câncer, como por exemplo, a dor de não ser mais você mesmo no trabalho ou socialmente. “A dor é, talvez, o sintoma mais temido da doença neoplástica e, por mais que esse medo tenha fundamento, é possível reduzir significativamente a dor com avaliação e tratamento adequado”, comenta.
O profissional expõe que 80% dos pacientes têm controle inadequado da dor, o que pode ser resolvido com avaliação e correto diagnóstico, pontos fundamentais para o sucesso terapêutico. “É importante prestar atenção a todos os aspectos, já que a dor no paciente com câncer pode ter origem na própria doença ou pode até não estar relacionada com o câncer em si”, explica André.
O tratamento farmacológico é bem sucedido em até 75% dos pacientes, porém, para os 15% restantes, é possível oferecer várias técnicas minimamente invasivas de medicina intervencionista da dor, como infiltrações e bloqueios. Porém, existe ainda o risco de complicações cirúrgicas e complicações relacionadas à quimioterapia e radioterapia, que podem ser fonte de dor após o tratam.
De acordo com André Félix, o acompanhamento da dor deve ser feito por um profissional da dor, porém com um complemento de um time que trate de problemas psicológicos. “A própria dor relacionada ao tumor pode se tornar crônica após um manejo inadequado e, o mais importante, o tratamento da dor no paciente oncológico diminui a mortalidade e a morbidade deste paciente” , finaliza.