A dor na doença falciforme: classificação de intensidade e tratamento

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A dor na doença falciforme: classificação de intensidade e tratamento

A Doença Falciforme (DF) é a doença hereditária mais frequente no Brasil. Os principais tipos são: SS, SC e S-talassemias, além de outras formas menos incidentes1. O termo Anemia Falciforme é destinado especificamente para o tipo SS.

O quadro clínica da doença é variável, porém grande parte dos pacientes evolui com doença crônica e grave com crises agudas que aumentam o sofrimento. O maiores risco da doença decorre de processos infecciosos, hemólise crônica, dores crônicas e do fenômeno vaso-oclusivo difuso da microvasculatura2, principal responsável pelas dores agudas.

A dor faz parte de muitas manifestações da DF, seja ela crônica ou aguda. Os episódios agudos (crises álgicas), com grande participação dolorosa, são a síndrome torácica aguda (STA), colecistite, síndrome mão-pé, priapismo, síndrome do hipocôndrio direito, sequestro esplênico e crise vasoclusiva. A dor crônica é devida a artrite, artropatia, necrose asséptica, úlceras de perna, colapso de corpos vertebrais e síndromes neuropáticas. No entanto, frequentemente, os episódios dolorosos são mistos, assim como as complicações citadas podem estar juntas3. As crises álgicas ocorrem inesperadamente, muitas vezes sem um sinal de alerta e impactam diretamente a qualidade de vida do paciente. A duração pode ser de horas ou dias, ter caráter persistente ou recorrente e migração de um local para outro do corpo. A dor também pode se instalar após o resfriamento súbito da pele ou exposição à estresse físico ou emocional4. Já a dor crônica possui uma duração de 3 a 6 meses ou mais e pode causar debilitação física e mental³. A dor na faixa etária pediátrica tem um impacto negativo sobre a frequência escolar, atividades sociais e de recreação dos pacientes2.

A subjetividade da dor representa um fator complicante para o seu tratamento, no entanto já é comprovada correlação entre a dor persistente e o maior risco de morte súbita e justifica o destaque do tema para uma análise mais detalhada4. A correta avaliação e classificação de intensidade da dor e seu adequado tratamento é de suma importância não só para prevenir óbitos como também melhorar a qualidade de vida dos pacientes portadores de DF.

O tipo tratamento da dor depende da intensidade da mesma que é classificada numa escala de 0 a 10. Nas crianças maiores é feita a pergunta se a dor que está sentido, numa escala de 0 a 10, equivale a quanto e a criança é treinada pelo profissional de saúde a aprender com o tempo a classificar de forma correta. Já nas crianças menores, que ainda não sabem discernir intensidade e/ou localização da dor, é feito um escala analógica, utilizando as faces da criança conforme figura abaixo4:


Os níveis da dor são divididos em três tipos: na escala de 1 a 3 – nível 1; na escala de 4 a 7 – nível 2 e na escala de 8 a 10 – nível 3. Em todos os níveis são feitos tratamentos domiciliares com analgésicos, anti-inflamatórios e/ou opióide fraco (codeína), aumentando frequência e quantidade de medicações conforme aumento do nível. Quando não há resposta ao tratamento domiciliar em 24h ou apresenta algum sinal de perigo, o paciente deve ser levado imediatamente para tratamento hospitalar4.

Diários e relatórios domiciliares, assim como escalas de dor, podem ser instrumentos úteis para avaliá-la, possibilitando melhor conhecimento da dor sentida pelo paciente falciforme e, consequentemente, o estabelecimento de uma conduta e redução dos riscos para a vida da criança2.

É importante ressaltar que nenhum protocolo é absoluto e as condutas devem ser individualizadas, sendo dependente da avaliação do médico que acompanha o paciente e segundo o quadro clínico e as particularidades inerentes a cada um.

 

Referências

  1. OHARA DG e col. Dor osteomuscular, perfil e qualidade de vida de indivíduos com doença falciforme. Rev Bras Fisoter, 2012.
  2. TOSTES MA e col. Abordagem da crise dolorosa em crianças portadoras de doença falciforme. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, 2009: 18(1):47-55.
  3. ÂNGULO IL. Crises falciformes. Simpósio: Urgências e emergências hematológicas. Medicina Ribeirão Preto, 2003: 36: 427-430.
  4. LOBO C e col. Crises dolorosas na doença falciforme. Rev. bras. hematol. hemoter. 2007;29(3):247-258.

5 Comentários

  1. Ana Lúcia deOliveira Firmiano disse:

    Estou gostando muito saber mais sobre o meu problema. Dor crônica, estou vendo abaser de remédios, já começou o Dr Ramon. Muitas coisas não sabia tá sendo bom os esclarecimentos.

  2. Janete Reis disse:

    Muito bom o seu artigo

  3. Luciana disse:

    Meu filho de 8 anos, ontem após uma conversa com o pai sobre seu comportamento enfim retirada de brinquedos que mais gosta,vídeo game etc..está queixando de dores em ambos os braços refere dor intensa, isso pode estar acontecendo devido ter sido chamado atenção

  4. Kelly disse:

    Minha irmã tem anemia falciforme ela tem 17 anos e há dois anos sente dores constantes e as vezes ficamos desesperados pois todos os dias ela sente dor e toma morfina .
    Acredito que passou a ser dor crônica ela também está com necrose vascular do fêmur.

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